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25 de outubro de 2016

Café e Jazz, ou um dilema poético.





Poderia aqui agora falar de sentimentos, de pensamentos, de ideologias, de planos, de passado, de relacionamentos, de historias que deram certo e minutas que deram errado. Poderia expor uma tese ou que sabe contar uma bela mentira. Poderia cantar desafinado, contar vantagens e puxar a sardinha para o meu lado. Poderia ainda mais escrever uma declaração de amor ou propor um contrato empresarial, ou melhor, matrimonial.

É verdade, poderia tanta coisa – mas a único episódio que pretendo neste momento é ouvir um Jazz; degustando uma xicara de café bem quente e de preferencia sem açúcar.

Mais tarde podemos conversar
Descarregar todos nossos anseios e problemas,
Podemos sair para dançar
Ou quem sabe marcar outro esquema.
Um abraço apertado; um beijo,
Para acabar logo com este dilema.
Quem sabe eu escreva uma poesia
Para resolver a matemática deste teorema.












16 de outubro de 2016

Quando me desfaço, ou me disfarço.






Ultrapasso-me nos meus próprios passos
Construo, evoluo e me desfaço.
Sou uma espécie de homem de carne
Com os nervos de aço.
Não acredito no destino,
Tão pouco nas obras do acaso.
Ainda desafinado e sem compasso
Sigo firme; sem medo do fracasso.
Galgando “passo a passo”
Na perspectiva de um sonho já escasso.
Dizem que não existe nada melhor que um abraço
E nada mais engraçado que um palhaço.
Mas a coisa que mais me engraço
É o uma desejo ao qual me entrelaço. 








13 de outubro de 2016

50 tons de cinza, ou entre o céu e o inferno - e quem sabe, de outra maneira.



 



Por que finalidade tenho que ser bom? Qual o motivo pelo qual tenho que ser honesto, justo e verdadeiro? Que beneficio tenho eu nestas virtudes? Por acaso faço estas coisas por obrigação ou vontade própria? Sou por ventura sou autônomo no universo ao ponto de ser e fazer o que me dá na telha? Será que fujo de praticar o mal por medo de ir para o inferno ou pratico o bem com o objetivo de alcançar o paraíso? Que certeza posso ter destas coisas depois da morte? Será que no céu só existem pessoas boazinhas e no inferno pessoas malvadas? Volto a perguntar; será? O me garante que não é somente esta vida e nada mais? Por que existem pessoas boas que só se dão mal e pessoas más que só se dão bem? Por que grande parte das pessoas boas morrem e antes passam grandes tribulações? Não seria a vida injusta com relação a isso? Por que tantas perguntas sem resposta e tantas respostas que não respondem estas perguntas?

Agora falo por mim:

Ora, não me interessa se vou para o inferno ou para o céu. Não me cabe negociar minhas atitudes para conseguir algo em troca. Não vejo nenhuma virtude em ser bom para simplesmente agradar alguém – entendo isso como hipocrisia. Por outro lado, não tenho prazer em praticar o mal meramente para levar vantagens ou me beneficiar em alguma situação. Se faço o bem ou o mal é porque isso é uma característica inata à condição humana. Embora alguns entendam que o livre-arbítrio é direito de escolher entre o bem e o mal, não vejo e não compreendo desta forma. Na minha concepção o livre-arbítrio seria a opção de ter outra escolha fora o bem e o mal. Ter apenas duas opções não me dá liberdade de alternativa. Pois entre o preto e o branco – existem centenas de tons de cinza. Entre o sim e o não – existem outras possibilidades. Entre o numero “1” e o “2” – existem centenas de milhares de outros algarismos. Mas por que no bem, no mal, no céu e no inferno não existem outras possibilidades? 

Se não existir outras perspectivas, eu abro mão da minha condição de escolha e acato a minha natureza de humano que em determinados momentos erra e acerta. Contudo, não faço isso por escolha, mas porque foi determinado a minha consciência desta maneira.

Não acredito no livre-arbítrio,
Não sou escravo do destino,
Não sou manipulado pelo o diabo,
E Tão pouco obediente a “deus”.
Não vou para o inferno
E não quero ir para o céu.

Agora só me resta viver enquanto houver fôlego
E morrer quando assim for. 







5 de outubro de 2016

Um dia quem sabe (...).




Já compus versos e reversos, textos e pretextos, cantei cantigas no crepúsculo e na aurora do amanhecer – mas poeta nunca pude ser.

Já li e reli toda a bíblia, me debrucei nos evangelhos, destrinchei as cartas de Paulo, debati com os profetas, compreendi Moises, me identifiquei com Davi – mas a teologia nunca entendi.

Já me entreguei à filosofia, a teses e explicações sem fim. Estudei Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes, Kant e Espinoza – Mas seria com Nietsche meu dedo de proza.

Já amei e fui amado, me deslumbrei e fui decepcionado. Já fiz milhões de promessas e estive apaixonado – mas nunca me vi casado.

Já fui empresário e jogador de futebol, já viajei pelo o Brasil em muitas cidades, conheci centenas de pessoas e lugares – mais ainda não terminei minha coleção de exemplares.

Já me desiludi com o mundo e com o todo tipo de ideologia, já juntei dinheiro, fui feliz, tive muitos e muitos amigos – mas nunca subestimei meus inimigos.

Já aprendi arranhar o violão, me entusiasmei pela musculação, fiz natação, cresci no campo comercial e me instrui na computação – mas nunca neguei a alguém um pedaço de pão.


Mas não importa o que eu fiz ou deixei de fazer; pois até agora não sou nada, mas um dia pretendo ser. 






@LordBoor, 2016. 

Chanson D'Amour


Ela pensava de novo é amor
Às cinco da tarde no Cafe de Flore
As voltas com o inverno e com seu cachecol
Relia passagens de Michel Foucault
Ele pensava de novo é amor
Num quarto alugado colado ao metrô
Às onze da noite revia Truffaut
Beijos Roubados, fazia calor
Como Zepelim flutuando no ar
Suspiros flutuam por todo lugar
Por todos os cantos ao som da chanson
Chanson d'amour
Ela pensava de novo é amor
Em Copacabana com qualquer senhor
De madrugada fingindo prazer
Vendia seu corpo sem qualquer pudor
Ele pensava de novo é amor
Escrevendo cartas a todo vapor
Na cela apertada entre outros ladrões
Roubava frases de Arthur Rimbaud







Vinhos, perfumes e café.




Vou caminhando neste compasso lento
Assobiando canções acústicas e pensando em você.
O verbo já não conjuga sonhos envelhecidos
E meu coração adormecido cansou de bater.

Minha poesia nem sempre têm rimas
Mas minhas mãos sempre tiveram calos
A vida que escoa me propôs uma eterna sabatina
 Na escolha que desce todos os dias pelo ralo.

Já fui um romântico indiscreto
Amante de vinhos, perfumes e café.
Hoje sou um poeta e pecador confesso
Escrevo versos como um tiro no pé.

Infame a moda antiga
Amo livros e canções démodé
Como uma musica sem cifras
Sou ainda um mistério para você.









Todos os textos são autoria de Giliardi Rodrigues. Proibida a reprodução de qualquer texto sem prévia autorização do autor.

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